terça-feira, 5 de julho de 2011

Cultura do Estupro


 Com um título assim você deve estar questionando-se, afinal, como podemos ter uma cultura dessa forma?
Será as mulheres que dançam funk e descem até o chão? 
Será esse novo comportamento das mulheres em que se vestem cada vez mais de maneira sensual? 
Pois eu te digo: Não é nada disso!
Gostaria de fazer uma reflexão, alguma vez ao saber que fulana foi estuprada, 
violentada, você já ouviu alguém dizer: "Aposto que estava com roupa curta", ou
"ficar na rua a essa hora é pedir para isso acontecer".
Saiba que é justamente esse posicionamento das  pessoas que denomina essa cultura tola de culpar a vítima, e achar normal o fato do homem não conseguir controlar seus desejos e não respeitar a mulher como ser humano, mas sim como um objeto. E, infelizmente isso vem do passado, afinal foi na bíblia em que a mulher 
comeu a fruta e disseminou o pecado no mundo.
Não é incomum ficar desconfiado quando alguém falar em cultura de estupro, porque estamos tão imersos 
nela que já não conseguimos ver o quadro completo. Mas ela está em todo lugar, quando a dúvida recai em 
cima da vítima e não do estuprador; quando se esquece que a grande maioria dos estupros acontece dentro 
de casa, por pessoas conhecidas e não somente em becos escuros, tarde da noite, quando a mulher está 
usando uma mini-saia; quando se acha perfeitamente normal que o castigo do estuprador na cadeia seja o 
próprio estupro; quando se usa de desculpas biológicas para justificar o crime, como se uma suposta libído maior do homem o tornasse  incontrolável ao ser provocado; quando ensinamos nossas meninas a não ser estupradas, e não os meninos a não estuprar; quando a sexualidade da mulher é tão vista em função do homem que um “não” é uma negação do direito dele de ter aquela mulher; quando se esquece que o corpo de uma pessoa não pertence a ninguém, além dela mesma e que maridos também estupram esposas.
 Isso não é radicalizar, é apenas abrir essa verdade em que além das afirmações acima, 
a mídia também colabore, com comerciais do estilo de uma marca de cerveja que mostre rapazes que ficam invisíveis e se aproveitam para passar a mão nas mulheres de biquíni na praia, comercial de camisinha que usa como slogan que "sexo forçado queima calorias" dentre inúmeros exemplos que muitas vezes passam despercebidos por nós, mas que é uma forma de contribuir para acharmos normal esse tipo de invasão.
Alguns vão pensar que as mulheres lutaram durante anos para se igualar aos homens no que 
diz respeito aos direitos, fizeram tanta questão em mostrar ao mundo de que são
 capazes, de que também são um sexo forte, e agora querem ser tratadas novamente 
como frágeis.
A questão aqui não é a igualdade, mulheres são fortes, mostraram que
 podem ter o seu lugar ao sol na sociedade, muitas criam sozinhas seus filhos, tem dupla jornada e ainda
conseguem cuidar da pele, cabelo e unhas. O que se discute é o respeito, que 
durante todos estes anos a luta se confundiu. A luta pela igualdade talvez nem tenha
 sido para ficar de igual para igual com os homens e sim para ter a igualdade enquanto seres humanos.
Essa é a questão, então da próxima vez em que for julgar, ou em que for rir de piadas como a do comediante
Rafinha Bastos em que diz que se uma mulher feia for estuprada precisa agradecer a bondade do estuprador, analise a questão, reveja seus conceitos e principalmente, ensine às crianças, afinal elas é que farão a sociedade de amanhã, mas nós é que vamos conduzir o comportamente correto deles até lá.